9 de junho de 2010

FUNCIONÁRIO TAMBOR, VOCÊ CONHECE?

Na ultima semana iniciei a implantação de um programa dedesenvolvimento gerencial em uma empresa e como de costume fiz uma visita navéspera a fim de me ambientar com a organização e conhecer o grupo. Durante oalmoço, sentei-me junto a alguns gestores e um, em especial, chamou minhaatenção.

Era um jovem que havia terminado recentemente seu MBA esabendo que iniciaríamos um novo programa no dia seguinte, tentou de todas asmaneiras chamar a minha atenção sobre ele, talvez por saber que antes destesprogramas o facilitador costuma identificar lideranças.

Durante o almoço praticamente foi o único que falou e sempresobre ele, suas competências, suas realizações, seus sonhos e sobre o seu timede futebol, não dando espaço para que outros se manifestassem. Realmente elefazia muito barulho e sempre alardeando a si próprio.

Enquanto dirigia de volta para o escritório comecei aanalisar alguns pontos que havia observado e que seria importante abordardurante o trabalho que iniciaria no dia seguinte, mas não conseguia meconcentrar. Sempre vinha à minha lembrança a imagem de um ensaio de uma bandamilitar que tinha visto há poucos dias quando passava pelo Colégio Militarpróximo de minha casa.

A imagem da banda militar e do jovem gestor não me saia dopensamento,  realmente aquele jovemfizera tanto alarde sobre si que me incomodara.

No dia seguinte, durante os trabalhos, resolvi prestaratenção naquele jovem que tanto barulho fizera no dia anterior. A cada desafioque eu colocava ao grupo ele era sempre o primeiro a falar, mas tudo que dizianão tinha quase nenhuma consistência, era um conjunto de lugares comuns efrases de efeito.

Durante todo o dia, por mais que tivesse tentado, não viaprofundidade em seu discurso e em seu procedimento. Durante as dinâmicas, faziade tudo para que fosse notado, mas nunca conseguia ir além disso. Não sentiaconteúdo em seu desempenho.

Ao término do primeiro dia de trabalho, enquanto voltavapara casa, lembrava-me do jovem e logo a seguir do ensaio da banda militar. Nãoentendia a razão desta associação.

No meio da noite, talvez influenciado pelos acontecimentos,sonhei novamente com a banda militar, mas o que me assustou e me fez acordarnum sobressalto é que no sonho o bumbo da banda havia sido substituído poraquele jovem que tanto barulho fizera no dia anterior. Os músicos marchavam soba marcação do bumbo que no sonho tinha o rosto do jovem.

O tambor era como aquele gestor em inicio de carreira: Faziamuito barulho, mas era completamente vazio por dentro.

O que mais me incomodou neste caso é que apesar debarulhentos e vazios, tanto o bumbo quanto o jovem gestor ditavam o ritmo àsuas equipes – a tropa seguia o ruído que faziam, porém sem nenhum juízo devalor.

Aquela seria uma situação a ser revista por mim naquelePrograma de Desenvolvimento Gerencial: A equipe poderia estar sob o comando deuma pessoa com função hierárquica, porém sem habilidades e competências paraconduzi-los a um objetivo ou uma meta estipulada.

São pessoas sem preparo e sem treinamento que assumem cargosde comando e que para manterem-se em evidencia, fazem muito ruído e apresentampouco resultado.